A grande maioria, diz repudiar preconceitos de
toda a ordem. Entretanto, a luz da ribalta percebe-se o paradoxo, ao
observarmos alguns preconceitos velados.
Entre os quais, a xenofobia, que tem crescido a passos galopantes,
com enfoque na Europa, (questão sociopolítica) onde o nacionalismo exacerbado
se coloca de forma contundente deixando á descoberto o tipo de preconceito a
ele atrelado. Todavia a problemática da xenofobia não é um patrimônio europeu.
No Brasil, muito embora de forma velada, xenofóbicos criam
justificativas infundadas como parâmetro. Atitudes vista nas “vaias” de
recepção aos integrantes do Programa Mais Médicos (PMM), nas brincadeiras, nas
insinuações, nos apelidos, nas conversas banais, de gente que inclusive gosta
de viajar para dentro ou fora do seu País e ser bem tratado, que, com razão,
acha absurdo ser julgado, estereotipado, ou rotulado, mas que muitas vezes,
reproduz este tipo de preconceito, esquecendo-se que muitos irão ou estão
em outros países por razões diversas, e que há cem anos, seus avós e bisavós
atravessaram o oceano para o Brasil com a mesma esperança,
contribuindo para a construção do país.
Aquele que levanta bandeiras, apontando invasores se esquece que
somos todos invasores se seguirmos a “lógica de quem chegou primeiro”.
A história da humanidade também é feita de migrações,
miscigenações e a onda globalizante provoca transformações muito positivas se
nos permitirmos “ultrapassar” barreiras culturais, impulsionada pelas
facilidades de intercâmbio e processos de informação, em razão das inovações da
"Techno-informação", que modernizou, agilizou as interações. A
globalização é uma grande aliada desta pluralidade, permitindo que possamos
consumir produtos e serviços tanto nacionais quanto importados, com
contribuição de diversas culturas nessas produções.
O processo de globalização, a cada dia que passa, cria variadas
formas de interligar povos dos mais longínquos recantos do mundo, das
mais variadas culturas, línguas, economias, estreitando costumes e, com essa
integração, possibilitando a elevação de qualidade de vida de muitos graças, às
sofisticadas tecnologias postas à disposição da comunidade internacional, e
trocas culturais que inclui o aprendizado de outro idioma, contribuindo para a
liberdade, crescimento desenvolvimento do ser humano, ao aproximar
diferentes culturas.
O que faz uma pessoa crer que tem mais ou menos direitos que
outra por estar naquele “pedaço da terra”? “Cheguei primeiro”? “Você nem é
daqui”? Se inclusive no interior de qualquer sistema (família, empresa,
instituição de qualquer natureza), o diferente coexiste: de um lado, a busca
para preservar o status quo; de outro, a tendência
de evoluir e ampliar as fronteiras, incorporar novos participantes, ampliando o
campo de ação.
Se não seguirmos a “ideia de quem chegou primeiro ninguém é
invasor, afinal, somos todos pessoas do mesmo planeta que se ajudam mutuamente,
que deveriam transitar legalmente, para não se tornar criminoso violando a
fronteira de um outro País. Porque se arrombarmos a porta de outrem,
tornamo-nos “persona non grata”, não seremos bem-vindos, e nem tão pouco
acolhidos, em virtude da abrupta chegada. Aqueles que queiram viver em outro
país, precisam fazer uso de meios legais para o ingresso. Assim, deveríamos
poder viver em qualquer lugar de nossa escolha, para neste trabalhar, estudar a
cidadania exercer, convivendo com o diferente harmonicamente, para que
diferenças possam agregar, criar, desenvolver, sem que sejamos indiferentes a
isso.
Porque fatos tão aleatórios e irrelevantes como local de
nascimento, precisam determinar as oportunidades que teremos? Quem somos, o que
fazemos, o potencial, o respectivo grau de informação, as experiências pessoal
e profissional não contam? Oportunidade deveria depender da meritocracia, e
esta por sua vez nada tem a ver com local de nascimento.
Deve-se salientar que, sim, os xenofóbicos ainda são exceção, e
que no estado democrático de direito devemos respeitar todas as opiniões,
inclusive as controversas, ou que não acham concordância nas nossas. É
contraditório falar que as diferenças podem convergir, que preconceitos embaçam
a visão do portador, engessando qualquer entendimento, e por outro lado tecer
um olhar julgador, e com a devida licença á redundância: Um pouco
preconceituoso até sobre os preconceitos dos outros, afinal, todos temos os
nossos, em maior ou menor grau.
O ideal, seria que preconceitos não tivéssemos, ou que pelo menos
não ferissem do jeito que ferem aqueles que de preconceitos são vítimas. Mas,
ideal mesmo é que deixemos de ser vítimas para sermos autores e protagonistas
da nossa história, porque, sim, no mundo existem preconceitos dos mais
variados, todavia, ainda em escala maior, temos os conceitos de amor, empatia,
compreensão, cooperação e compartilha.
E que a ponte que nos une, seja, mais forte, coesa, do que
eventuais diferenças entre nós, para que a nossa união seja uma resposta sempre
eficaz.




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